quinta-feira, 21 de junho de 2012

EDUCAÇÃO DE FILHOS: PASTOREANDO O CORAÇÃO DOS FILHOS


        Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito" (Isaías 53:10-11)

        Uma das melhores recompensas que um pai* poderá ter será olhar para os filhos e se satisfazer em ver o bom resultado do seu trabalho, ou seja, se tornarem homens ou mulheres de Deus, tementes, responsáveis e bem sucedidos. Mas como garantir um futuro certo para nossos filhos? Não existe mágica, nem uma cartilha detalhando como agir em cada situação, mas tudo isso só será realidade se nós, pais, entendermos a responsabilidade que temos de pastorear o coração de nossos filhos.
(*Usarei a palavra “pai” neste texto com o sentindo universal, podendo ser sempre um pai ou uma mãe).
        
         A bíblia fala que os filhos são herança do Senhor:

Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão. (Salmos 127:3).

        Muitas pessoas tem interpretações erradas sobre este texto e isso tem levado muitos não entenderem esta passagem, dando uma ideia de que nossa riqueza estará nos nossos filhos, construímos hoje e eles colhem amanhã. Claro que colheremos tudo que plantarmos nos nossos filhos como princípio, a “lei da semeadura”, vale para educação de filhos também, veja:

"[...] porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará." (Gálatas 6:7).

       Porém no texto de Salmos 127, a palavra herança, pode ser entendida como legado do Senhor para as próximas gerações. Se um pai recebeu os princípios do Senhor, então seu legado, sua herança será transmitir este ensinamento aos seus filhos e transmitindo corretamente então terá a sua “cora de glória”, seu galardão, para glorificar ao Senhor por isso, pois todo galardão não é para glória própria e sim para glorificar ao Senhor. (Escrevo sobre este entendimento de galardão no livro Caminhos da adoração – www.eduardo.bergsten.com.br).
     
      Com este entendimento, então, nós criamos nossos filhos para o Senhor, não para nós mesmos ou para vida. Criamos para serem tudo aquilo que Ele determinou todos os dias de suas vidas e que escreveu cada um de seus dias ainda desde o ventre de sua mãe:

[...]e no teu livro todas estas coisas foram escritas[...] 
(Salmos 139:16).
        
        Como já comentei em outras postagens, nossos filhos serão aquilo que nós ensinarmos. Porém um detalhe que hoje para mim é muito latente, é que uma das tarefas dos pais é “pastorear o coração dos filhos”. Entender que como pais somos educadores, formadores e construtores do caráter e da personalidade deles, é compreensível. Mas entender que, assim como nós, nossos filhos precisam ser pastoreados é tão verdadeiro e emergente quanto você precisa. Você que hoje é um pai, que tem um pastor que cuida de você, convido então neste momento, para que você se veja em sua infância, e redescubra quantas vezes desejou ter um “pastor” que apascentasse seu coração, ajudasse você em situações que você viveu, no qual, por mais confiança que tivesse nos seus pais, não conseguiu se abrir em algum momento, sentiu falta de “uma pessoa diferente” que pudesse te ouvir e te entender, um pastor, assim como você tem hoje. (Se isso não se passou com você então agradeça a Deus pela sua história.)
        
        Jesus sempre levou crianças a sério, os discípulos quiseram impedi-las de vir a Jesus, mas Ele foi bem enfático e claro, dizendo que todas as crianças deveriam ter acesso a Ele.

"Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus."  (Lucas 18 : 16).
      
  Toda criança precisa ter um encontro com Jesus, não basta ouvir historinhas bíblicas, não basta eles pertencerem a um lar cristão. Cada criança precisa e deve ter o seu encontro com Jesus, assim como qualquer outra pessoa. Todos que tem um encontro com Jesus precisam ser pastoreados e pastoreio é diferente de simplesmente “criar”. Você pode até dizer que suas ações que tem com seus filhos, são parecidas com a de um pastor: Você ouve, instrui, ensina, corrige, exorta e disciplina. Tudo isso também é feito por um “pastor” o que muda é o coração de como se faz.  Tenho gasto horas e horas, orando e pedindo a Deus sempre um coração de pastor, para pastorear principalmente o coração dos meus filhos. Muitas vezes, quando o meu agir é só como o de “um pai”, então a correção e condução têm um caminho e consequentemente um resultado. Já outras vezes me vejo agindo com um coração de pastor com eles, com outro tipo de correção, condução então os resultados obtidos são diferentes. E não pelo fato de ser “pastor” que isso acontece, mas pelo fato de entender e ter recebido um coração de “pai-pastor” para agir com eles, sendo crianças ou não, pois todos nós precisamos ser pastoreados.
  
      Jesus se nomeia o “Bom Pastor” e muitas vezes quando preciso tratar algum assunto com meus filhos, eu me pergunto: “O que Jesus faria no meu lugar?” A forma de agir neste caso sempre será de um pastor. Mesmo que você nunca tenha tido chamado ou vocação pastoral, ao se fazer esta pergunta, e deixar o Espírito Santo te responder, sempre encontrará a resposta não como um pai agiria, mas como um pastor. Muitas vezes nossos filhos precisam de uma Palavra de Deus para poder decidir alguma coisa, outras vezes precisam de uma Palavra de Deus para corrigir alguma coisa. Outras vezes ainda precisam de uma palavra de Vida, que vá curar feridas. Um pastor não vive batendo, castigando , disciplinando suas ovelhas, ele aconselha, ele mostra, ele conduz pelos caminhos que elas precisam caminhar, ele cura suas feridas, ele conhece o seu coração, um pastor se preocupa muito mais com o bem estar físico de uma ovelha, ele se preocupa com a sua saúde espiritual também.

        Quando você lê a parábola da ovelha perdida, você alguma vez imaginou que aquela ovelha perdida, possa estar no seu rebanho, ou seja, entre seus filhos? Não estou falando de filhos crescidos, que se desviaram do Senhor, estou falando de nossos filhos, crianças, que saíram do rebanho. Ovelhas fogem do rebanho a todo tempo, e se não tivermos atentos, nossos filhos, podem fugir do rebanho do Senhor e não darmos conta disto pelo fato de que “fisicamente”estão ali. Tratamos sempre como pais: Acertou parabéns! Errou correção! Será que temos o coração de nossos filhos? Será que conhecemos nossos filhos de verdade? Uma das coisas que me assustou e indignou muito no inicio do ministério com o pastoreio de crianças, foi descobrir a grande quantidade de crianças, filhos de pais crentes, que foram molestadas sexualmente por primos, tios, amigos, entre outros no qual seus pais nunca imaginaram ou ficaram sabendo. Conversando com muitos destes pais, eles se gabavam em dizer que eram muito amigo dos filhos e que jamais aconteceria alguma coisa que eles não ficassem sabendo. Só coração de pai e mãe não é suficiente para criar filhos, precisamos ter coração de pastor, que venham checar os corações dos filhos e rapidamente descobrir alguma coisa errada que possa lhe prejudicar. 

          O que você faria se descobrisse uma coisa destas com seu filho? 
          
          Como agiria com ele? 
     
     Do que realmente você acredita que seu filho precisaria neste momento? 
     
     Pois eu te afirmo com toda a convicção, ele precisa de pais com coração de pastor, para curar seu coração, ouvir, amar, aceitar, limpar e colocar para caminhar novamente. Um trauma como este, é o suficiente para se perder uma ovelha do rebanho, se não soubermos contar espiritualmente, quantos filhos nós temos. Ele pode até estar ali, sentar-se à mesa, dormir no mesmo teto, mas o “cordeirinho” se foi, e se não largarmos tudo para busca-lo a tempo de curar suas feridas, a morte é certa. Então quando já grandes, adultos,  nos perguntamos: “onde foi que errei? Fiz tudo que um pai poderia fazer...” Correto, mas você foi chamado para ser mais do que um pai ou mãe para seu filho, você foi chamado para pastorear aquele coração.

        Pois isto foi o que aconteceu justamente comigo, vivi anos de minha vida preso, com sentimentos de culpa, com uma ferida que nunca cicatrizava. Certa vez em Olinda/PE quando tinha por volta de 9 anos de idade, um homem me levou para um dos barcos que ficavam atracados entre os arrecifes e a praia e tentou me violentar. Chegou a tirar minha roupa e se esfregar em mim, mas subitamente me levantei e peguei minha sunga pulando na água, nadei desesperadamente para fugir daquela situação. Ele havia me atraído até aquele local, prometendo que se fosse com ele até o barco, ele me daria de presente aquele barco. Após isto, ainda me ameaçava para não contar para ninguém sobre o ocorrido. Não fui abusado, ele só tentou, mas vivi um pesadelo por anos, este trauma entrou na minha adolescência, juventude e até quando adulto. Somente há alguns anos é que me vi curado deste trauma. Nunca tive coragem de contar aos meus pais e a ninguém. Tinha medo, vergonha, nojo. Sentia-me culpado, não me sentia amado por Deus, sempre orava pedindo perdão, mas nunca me sentia perdoado. Vejam quantos anos o diabo conseguiu destruir, uma ferida aos nove anos de idade. Vivi sempre em um lar cristão, meus pais sempre me ensinando nos caminhos do Senhor, mas nada disso foi o suficiente para evitar e nem para curar a ferida, pois assim como eu, muitas crianças nunca foram pastoreadas. Certa vez, ministrando para crianças, contei pela primeira vez esta história a elas, algo que estava “trancado” há anos dentro de mim, um verdadeiro fantasma, e no momento em que abri a minha boca para contar a cura veio imediatamente. Eis o poder da confissão que Tiago diz: 

"Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis..." (Tiago 5 : 16)


     O fato de contar meu testemunho as crianças, fez com que elas se sentissem encorajadas e confiantes também para contarem de seus traumas e serem curadas. Como teria sido a minha vida se tivesse contado aos meus pais? Se tivesse um pastor para me ouvir e me curar? Não os culpo por isso, não! Sempre fizeram de tudo por nós e nos ensinaram o caminho do Senhor, mas o entendimento de pai-pastor ainda não havia. Eles com certeza, lendo isto pela primeira vez possam estar estarrecidos, abalados e tristes, mas na verdade, por que nunca contei? Pelo mesmo motivo que muitas crianças não contam aos seus pais, e muitos adultos passaram por isso na sua infância e nunca revelaram. Nem eu sei por que não contei, só sei que não consegui. Mas o Senhor me deu graça, e hoje a minha cura é para servir de ensinamento para tantos outros pais que como eu, tem a missão de apresentar seus filhos, como legado ao Senhor. Curados, convertidos e vitoriosos.

        A bem pouco tempo atrás, tivemos o depoimento de Xuxa no Fantástico que revelava que havia sido molestada sexualmente na infância, mais uma pessoa que foi marcada por satanás e teve sua vida influenciada por este trauma. Assim como ela milhares de crianças, tiveram na infância, feridas tão profundas, que mudaram o curso de suas histórias. Satanás sabe muito bem disto, que uma criança destruída crescerá com traumas, feridas, medos, desconfiança e que acima de tudo, pode culpar Deus pela sua trágica história. Somente crianças curadas emocionalmente e espiritualmente vão produzir todo o seu potencial. Deus nos deu os filhos como um legado dEle, e precisamos saber pastorear este filhos para que o resultado apresentado seja um galardão, uma coroa de glória para o Senhor. O diabo está ai, para matar, roubar e destruir. Vai usar de ardis ciladas para fazer muitos tropeçarem e fatalmente, os cordeirinhos são presa muito mais fácil de serem tragadas.

        Talvez seus filhos possam estar livres de uma história como esta, mas esta não é a única coisa que o diabo vai usar para destruir uma criança. Drogas, bebidas, mentiras, brigas, agressões físicas e psicológicas, bullyng infantil, entre outras armadilhas, tão sutis, mas poderosas, para levar um cordeirinho para “fora do rebanho” e como pais-pastores dos nossos filhos, precisamos discernir toda e qualquer estratégia do diabo e tratarmos nossos filhos em muitas situações como pastores deles e não como os que vão corrigir e disciplinar. Esta confiança você precisa conquistar, e nunca pode quebrar, nunca pode tratar um assunto de “pai-pastor” como pai disciplinador. Meus filhos sabem disto, vivem isto e usam isto, sou o pai e o pastor dos meus filhos. E este entendimento é o que quero transmitir, que você pai, pode e deve pastorear seus filhos, pois o Senhor derrama unção para isso, basta você assumir seu lugar de Sacerdote do lar e pastorear sua família.

        O que quero despertar com este texto nos pais, não é temor generalizado, mas uma confiança de trabalhar no coração dos seus filhos, só um pai-pastor consegue chegar a este lugar, o coração pois tem do Senhor esta comissão.

"E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição."  (Malaquias 4 : 6)

        Sabemos que é no coração onde tudo começa e  que temos que guarda-lo. Uma criança tem um coração puro, ingênuo, inocente para o mal e se for conservado assim, ela conseguirá passar por várias situações em sua vida e ter equilíbrio para conviver com todas elas, pois no coração encontra-se as “fontes da vida”

"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida."  (Provérbios 4 : 23)

        Nossos filhos vão proceder conforme tudo o que for depositado em seus corações e nesta hora que entra o papel do pai-pastor, para apascentar, proteger e garantir com que esta criança venha estar sempre curada em seus sentimentos.

        “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.” (Marcos 7:22)

        Como e quando estas coisas entram no coração do homem? Certamente a melhor hora de se “estragar” um coração e semear nele toda espécie de males é na sua infância, onde os corações estão mais vulneráveis e abertos para receberem suas impressões. Nesta fase que o pastoreio do seu filho é mais crucial e fundamental, ali estará sendo forjado quem ele será. Um outro fator importante de se destacar é que ou o coração do seu filho ou adora a Deus ou aos ídolos. Não existe outra opção, não existe neutralidade para ninguém, tão pouco na infância. Estes ídolos não são pequenas estátuas, são os sutis ídolos do coração que a Bíblia chama de desejos maus, cobiça, orgulho. Os ídolos incluem a conformidade ao mundo, ter uma maneira terrena de pensar e apagar-se a coisas terrenas. Foi a cobiça que me levou aquele barco, o desejo de ter coisas, do poder. Tudo isso estava em mim com um coração de criança.

        Todo este conceito vai além de simplesmente criar um filho, não é bastante uma atmosfera construtiva no lar e uma interação positiva entre pais e filhos. Há uma outra dimensão, um outro nível. A criança está interagindo com o Deus vivo. Está adorando, servindo e crescendo em entendimento das implicações de quem é Deus, ou está buscando sentido na vida sem um relacionamento verdadeiro com Deus. A criança não pode se relacionar com Deus pelo pai, tem que ter o seu próprio relacionamento e intimidade com Ele e ai nesta hora que o sentido de pastorear o coração do filho ganha ênfase, mostrando o caminho da comunhão, intimidade e dependência do Pai.

        Este texto não encerra sobre pastoreio de crianças, pelo contrário, ele abre uma ampla discussão sobre este assunto. A ideia é conscientizar os pais da sua responsabilidade além de criar um filho, de cuidar e pastorear o seu coração. Poderão haver outros textos mais instrutivo para os pais que queiram iniciar sua missão de pastorear o coração dos filhos com conteúdos que levem a pratica diária deste pastoreio. Este é um tema muito importante e que sem dúvida tem concentrado meus maiores esforços a nível ministerial, uma vez que como pastor, ministro do Senhor, tenho dedicado meu ministério ao pastoreio de crianças, fazendo muitas vezes o papel que os pais deveriam fazer, chegando aos corações dos filhos para cura-los e conduzi-los a uma vida de adoração ao Senhor.

        Que meu testemunho narrado aqui, venha servir de alerta para todos os pais e ainda de  encorajamento se você se viu ou se vê preso em um contexto parecido, que encontre graça no Senhor para buscar a cura, pois satanás, não pode frustrar os planos de Deus na sua vida.

       Deus te abençoe e te capacite, para cumprir a sua missão de pastorear o coração dos seus filhos.

        Pr. Eduardo Bergsten
        http://dudabergsten.blogspot.com.br

2 comentários:

  1. Quando olho para o jovem da nossa sociedade,nas sua bebedeiras,no seu uso de drogas,na sua sexualidade,na sua impunidade,culpo também aos pais,que na sua inocência,ou ignorancia da Palavra,não soube orientar esse jovem...
    e me coração dói!...
    Parabéns pela escolha do assunto,com certeza direcionado por Deus

    http://sbertoncini.zip.net

    mensagens bíblicas a cada dia

    Suely

    ResponderExcluir
  2. É justamente isso Suely, este jovens já foram crianças e se tivessem sido pastoreadas, muitos destes males poderia ser evitado. Muitos até orientam, mas é preciso uma condução em quanto criança, para ter bases e vida para quando jovens dizerem não aos banquetes do diabo como Daniel, Mizael, Azarias e Ananias. Obrigado pelo seu comentário. Deus te abençoe!
    Pr. Eduardo Bergsten

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